A História da Astrologia
- Zodiac Zone
- 8 de mai. de 2020
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Astrologia é a “ciência que estuda os efeitos celestes dos planetas e como eles atuam no mundo particular de cada um”. Eis a lógica dos signos, de acordo com a astróloga Paloma Rodrigues, na área há 9 anos, graduada em Astrologia Moderna pela Gaia Escola de Astrologia
Ainda que a comunidade científica considere a astrologia como “uma forma de pseudociência (procedimentos ou teorias que tentam se disfarçar como ciência sem sê-la) ou superstição”, porque não acreditam que ela seja capaz de demonstrar o que afirma, a crença de que os astros influenciam o cotidiano, o comportamento, e as experiências pelas quais as pessoas podem vir a passar é de milênios atrás, antes ainda da existência de Jesus Cristo.
Segundo Paloma, registros históricos indicam que astronomia e astrologia faziam parte da mesma ciência, e eram intensamente estudadas por matemáticos, médicos e filósofos. A primeira grande sistematização do estudo do céu com esses fins está em Tetrabilos, um texto escrito pelo astrônomo greco-egípcio, Claudius Ptolomeu, ainda na Antiguidade.
“A ciência era única. A divisão entre as duas veio mais para frente”, explica ela. E a astrologia ficou, então, com a parte que “estuda os ritmos e os temperamentos dos seres de acordo com as forças que regem o Universo”.
Por exemplo, quando se fala sobre as fases da lua e sua influência na maré. “Quando a Lua está cheia, tem precipitação no mar”, diz a astróloga. E com o ser humano é exatamente assim. “Somos feitos de 70% de líquidos, por isso as fases da Lua também afetam a gente”, conta a astróloga.
Origem da astrologia
Alguns cientistas, como os do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), alegam que se escuta falar da astrologia desde 1500 a.C, pelos caldeus, também conhecidos como babilônios, ainda quando ocupavam a região da Mesopotâmia. A partir de estudos e observações grandes foi se descobrindo os padrões da influência do céu na vida das pessoas.
Inclusive, existem várias versões, “porque vários povos foram se apropriando da ciência e fazendo dela a sua própria cultura”, com seu próprio modo de interpretação dos fenômenos. Por isso, existem diversos tipos de astrologia: a kármica (com análise do passado e suas influências no presente), védica (de origem indiana, com o objetivo do autoconhecimento), clássica (fotos concretos, previsões), moderna (psicológica), dentre outras. “E todas têm a sua verdade”, conta Paloma. “A verdade é tudo, não é uma coisa só. Por isso é preciso estar aberto e flexível ao conhecimento”, aconselha Paloma.
Por volta de 300 a 400 a.C, foi quando a astrologia começou a ficar mais em evidência. Era muito utilizada para análise de agricultura, batalhas, previsões que eram passadas para os reis. E foi quando as pessoas passaram a compreender que poderiam usar as informações para sua vida pessoal que tudo mudou.
“No princípio, era igual o telefone”, conta Paloma. “Era caro, tinha que ficar na fila. O investimento era muito alto. Mas isso foi mudando, foi melhorando, e começou a ficar muito acessível. Até o momento em que se percebeu que ela não era só para o rei que estava em destaque no meio político e para saúde”, revela a especialista.
A astrologia passou a ser praticada nas praças, nas feiras. Era usada para auxiliar nas compras, acordos, troca de mercadorias. “Se tornou muito popular e tirou o controle de quem estava no poder, na época, a Igreja Católica”, explica ela.
Astrologia moderna
A vertente moderna da astrologia surgiu a partir do momento da inserção da psicologia e do estudo do psique, das emoções, em conjunto com a influência dos astros. São diversos cálculos matemáticos feitos a partir do nome completo, da cidade e da hora de nascimento, que fornecem dados como a latitude e a longitude do lugar onde se nasceu e como o céu era vista daquele local, naquele momento.
O céu divide-se em doze fatias (as casas) que representam cada um uma área da vida e são regidas por um planeta. Cruza-se informações sobre o tamanho desses setores, que varia de pessoa para pessoa, e de acordo com a demarcação do tempo, com as quais é possível falar sobre a personalidade, sobre as dificuldades da vida, sobre os potenciais e muitas outras características da vida de alguém.
Vários cenários podem ser observados e o trânsito dos planetas em cada casa pode indicar o que vai ser “mexido” (quais áreas da vida) naquele período. “Cada planeta traze experiências específicas. Para falar sobre o mapa astrológico de alguém é preciso entender a história de vida da pessoa”, explica a astróloga.
O horóscopo, por exemplo, é mais generalizado a uma categorias de signos solares e ascendentes. “Ele te dá uma percepção do momento que aqueles signos se passam, para que se possa atuar de uma forma favorável, para crescer, não para se limitar”, diz. Mas cada pessoa vive aquilo de uma forma e com uma intensidade diferente.
“Cada ser é uma energia, é uma vibração, que atrai experiências particulares. Os planetas refletem isso de forma a indicarem o que se passa para ajudar o estado de consciência da pessoa sobre o que ela vai viver”, finaliza.
A História da Astrologia está intimamente ligada aos autores, a todos aqueles que a praticaram ao longo de milhares de anos até aos nossos dias. É através dos seus escritos e livros, que foram passando de geração em geração, de lugar em lugar, com múltiplas traduções e adaptações, que estudamos e aplicamos a astrologia, hoje, e percebemos a sua evolução e a sua constante mudança. Este é um registo sucinto de uma prática com mais de 5000 anos.
Gênese ≈ 6000 a.C. – 4000 a.C.
O homem desde sempre observou o céu, com a sedentarização começou a perceber melhor os seus movimentos, principalmente da Lua, do Sol, os eclipses e outros fenómenos, e começou a relacioná-los com os eventos na Terra. Nesta fase aparecem os primeiros calendários. O homem utilizava estes conhecimentos para regular a vida e os seus ritmos, sobretudo na agricultura.
Período Mesopotâmico ≈ 4000 a.C. – 700 a.C.
Na zona da Mesopotâmia e Egito, diversos povos foram determinantes para o aparecimento da astrologia, os sumérios, os babilônios e os caldeus foram os primeiros. Os sumérios identificaram as constelações por volta de 3000 a.C. e os babilônios adotaram-nas por volta de 2000 a.C., começando a registar sistematicamente os fenômenos celestes, estrelas, planetas e outros elementos.
Nesta fase surge o zodíaco e os signos, desenvolve-se o cálculo astronômico, são atribuídas as características aos planetas e as regências aos signos, e são atribuídas qualidades às estrelas fixas.
A Astrologia era sobretudo uma forma primitiva de astrologia mundana, relacionada com eventos coletivos, onde se inclui a política e a agricultura, apenas os reis tinham o privilégio de ter análises individuais muito gerais.
A Astrologia tem uma forte componente religiosa, sagrada e mágica. Nesta fase a Astrologia é praticada por sacerdotes e as construções refletem os alinhamentos e fenômenos do céu.
Um dos registos conhecidos com data de 2000 a.C. é um conjunto de 70 tábuas Enuma Anu Enlil. Todos estes conhecimentos foram sendo passados para outros povos das proximidades, Judeus, Persas, Egípcios e Gregos.
Período Grego ≈ 700 a.C. – Séc. VII
Alexandria, no Egito, grande centro comercial, foi também um local de referência para o conhecimento e por isso um palco privilegiado para o desenvolvimento da Astrologia. A sua população era constituída por egípcios, gregos e judeus, mas foram os gregos que mais desenvolveram a Astrologia, mudando a sua prática e aproximando-a do que conhecemos hoje. A Astrologia chegou a Roma e os poetas escreviam sobre ela, difundindo-a por todo o império. Nesta fase a Astrologia ganha uma dimensão filosófica, surgem as primeiras escolas e os primeiros tratados de astrologia que conhecemos hoje.
Por volta de 200 a.C. é criado o conceito de ascendente e as casas astrológicas. Surgem as partes e os mapas pessoais tornam-se mais frequentes. São definidas as triplicidades dos signos e os regentes das triplicidades, os termos dos signos e os regentes dos termos, os aspetos e os orbes dos planetas. Definem-se métodos de previsão, as projeções e as direções primárias. São definidas as horas planetárias.
Período Medieval Séc. VII – Séc. XV
A Astrologia nesta fase foi desenvolvida fundamentalmente pelos árabes, a partir da astrologia praticada pelos gregos. Os árabes, grande potencia da altura, desenvolveram a matemática e a astronomia, criaram a astrologia horária, introduziram os grandes ciclos e os ingressos na astrologia mundana, desenvolveram as partes dos gregos, a tal ponto que ainda hoje são conhecidas como partes árabes. Os árabes privilegiam os regentes das casas em detrimento dos regentes naturais. Inventam o retorno solar.
Nesta fase realizam-se traduções do árabe para o latim, que proporciona a difusão da Astrologia no mundo cristão. Os astrólogos assumem um papel muito importante como conselheiros de reis e nobres. A Astrologia representa um papel fundamental na medicina da época.
Período Pré-Moderno Séc. XV – Séc. XIX
O Renascimento traz uma mudança de mentalidades com reflexo na Astrologia, questionam-se as técnicas medievais e surgem novas técnicas que procuram recuperar técnicas clássicas do período grego. A invenção da impressão facilita a publicação de livros de Astrologia e aparecem os primeiros livros em linguagem corrente, ou seja, diferente do habitual árabe, grego ou latim. Surgem os almanaques em grande quantidade com as previsões climáticas e políticas.
O astrólogo já não é tão bem visto como no período medieval, principalmente em países onde a tradição cristã é muito forte.
No final do século XVI, a idade da razão e a abordagem científica provocam o declínio da Astrologia, provocando a separação da Astronomia. A Astrologia deixa de ser ensinada nas universidades e cai na banalidade e superstição.
A invenção de instrumentos de observação astronômica permite a descoberta de novos planetas e outros corpos celestes.
Período Moderno Séc. XIX até hoje
No final do século XIX a Astrologia é recuperada mas com poucas bases tradicionais, para isso contribuem a falta de livros e traduções. A ênfase é dada à Astrologia Natal, os outros ramos têm importância menor, principalmente a Astrologia Horária. Com o aparecimento da Psicologia acontece a desvalorização da vertente preditiva e a valorização da abordagem psicológica. A Astrologia passa a ser encarada especialmente como uma forma de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.
Assiste-se à simplificação e banalização da Astrologia com a grande difusão e generalização do signo solar, com a criação de múltiplas correntes e abordagens, misturando-se com outras áreas esotéricas.
São integrados na interpretação os planetas descobertos com recurso a instrumentos, Urano, Neptuno e Plutão, assim como asteroides e planetoides.
Durante este período surgem múltiplas abordagens da Astrologia, a Astrologia Psicológica, Humanista, Esotérica, Trans pessoal, Cármica e outras, todas aplicadas à Astrologia Natal.
Surgem os cálculos automáticos com os programas informáticos, facilitando o trabalho do astrólogo, que despendia um tempo considerável do seu trabalho, no cálculo manual de mapas astrológicos, mas banalizando o uso da astrologia, ficando ao alcance de qualquer pessoa, com pouca ou nenhuma formação, poder gerar um mapa astrológico e um relatório automático com uma interpretação geral.
Nos anos 80 e 90 do Séc. XX começam a aparecer traduções de obras antigas e assiste-se até hoje a um número crescente de praticantes da astrologia tradicional a par com os praticantes da astrologia moderna. A Astrologia começa a ser ensinada em algumas Universidades espalhadas pelo mundo. Apesar do ênfase ser na Astrologia Natal, os restantes 3 ramos da Astrologia, Mundana, Eletiva e Horária são amplamente aplicados hoje.
Alguns autores e obras de referência deste período
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